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Governo corta oferta de recursos para reforma do ICMS
Postado em 05/03/2015
O
governo divulgou na terça-feira, 24, os Estados que não têm recursos
para bancar nos moldes negociados no passado o Fundo de Compensação que
será criado para cobrir as perdas de receitas provocadas pela reforma do
ICMS. Em reunião com secretários de Fazenda dos Estados e senadores, o
secretário executivo do Ministério da Fazenda, Tarcísio Godoy, pediu aos
Estados que recalculem o total da queda na arrecadação. “É uma nova
discussão econômica. A capacidade do governo federal de ser proativo
nessa reforma é muito menor”, disse o secretário de Fazenda de São
Paulo, Renato Villela.
Diante da necessidade de um ajuste nas contas do governo federal, a
reforma prevista para ocorrer em oito anos pode ser feita em prazo mais
longo, para amortecer os desembolsos da União por meio do fundo de
compensação. A proposta em tramitação no Senado prevê a redução do ICMS
nas operações interestaduais, hoje de 12% e 7%, para 4%.
Para cobrir as perdas de Receita, o governo havia prometido fazer
transferências trimestrais aos Estados durante 16 anos. A medida
provisória que criava o Fundo de Compensação e outro fundo para
estimular o desenvolvimento regional com o fim da guerra fiscal caducou
sem ser votada. O governo quer editar nova medida provisória, mas com
outra estrutura para os fundos.
O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) se reunirá nos dias 9
e 10 de abril para discutir a nova proposta de reforma do ICMS. O
coordenador do colegiado e secretário de Fazenda do Pará, José Barroso
Tostes, disse que o Confaz deve aprovar outro convênio com os pontos que
forem consenso entre os Estados. No ano passado, foi publicado um
convênio por 21 Estados defendendo a reforma completa do ICMS, que
inclui a convalidação e remissão de incentivos tributários concedidos no
passado pelos Estados para atraírem investimentos.
“O desafio é fazer um convênio com aprovação dos 27 Estados”, disse
Tostes. O Confaz pediu um tempo para se posicionar, considerando que 18
dos 27 secretários assumiram o cargo no início do ano. Nova reunião com
governo e senadores ocorrerá no início de maio para apresentar a posição
do Confaz.
O senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que o Ministério da Fazenda pediu
que os Estados discutam uma alíquota para o ICMS que seja neutra do
ponto de vista tributário.
Um projeto de lei complementar permitindo que o Confaz aprove sem
unanimidade o perdão dos incentivos concedidos no passado já foi
aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e aguarda
para entrar em votação no plenário. O relator do projeto, senador Luiz
Henrique (PMDB-SC), disse que a proposta ficará parada até que os
Estados fechem nova posição em relação à reforma do ICMS.
PIS/Cofins
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou na segunda¬-feira (23) que o
governo estuda uma proposta de lei para adotar créditos financeiros
gerados pela tributação de PIS/Cofins. Por esse mecanismo, que o
ministro acredita que possa entrar em vigor em 2016, haveria um ajuste
para cima das alíquotas, mas em compensação haveria um aumento nos
valores a serem creditados pelas companhias. O crédito, segundo o
ministro, também seria muito mais automático.
A declaração do ministro da Fazenda é considerada bem¬-vinda pela
indústria, diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor de competitividade da
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “A preocupação é
que o governo dê com uma mão e tire com a outra”, diz ele, mencionando a
possibilidade de um ajuste de alíquotas resultar em elevação de carga
tributária. “A indústria quer o PIS/Cofins não cumulativo e a
simplificação e facilitação do uso do crédito, mas um setor que já
contribuiu com um terço de tudo o que é arrecadado não pode ser
prejudicado por novo aumento de carga tributária”, diz. “Da última vez
em que houve uma mudança importante no PIS/Cofins houve elevação de
carga”, diz ele.
Além da reforma do PIS/Cofins, Levy também defendeu uma mudança no ICMS,
com aumento das alíquotas no destino e redução das alíquotas cobradas
na origem, mecanismo que já favoreceria o exportador porque haveria
menor acúmulo de créditos a serem posteriormente recuperados. De acordo
com Levy, há uma agenda de simplificação tributária que é
suprapartidária, e que ele vê, por isso, espaço para avançar na
discussão desses temas no Congresso.
Fontes: Estadão online e Valor online